Como Criar Bons Personagens: O Segredo Psicológico por Trás de um Protagonista Marcante
- Gabrielli Hathaway

- 11 de nov.
- 3 min de leitura
Criar bons personagens não é apenas dar nome, aparência e um passado trágico. É entender como a mente humana funciona, e como usar isso para gerar conexão real com o leitor.

A neurociência já comprovou: nosso cérebro não diferencia totalmente o que vivemos do que lemos. Quando um personagem sofre, o cérebro do leitor ativa as mesmas regiões ligadas à empatia e à dor, o sistema límbico. É por isso que choramos por personagens fictícios e nos apaixonamos por pessoas que nunca existiram.
A escritora Lisa Cron, em “Wired for Story”, explica que histórias são “simuladores emocionais”, e os personagens são o coração desse simulador. O leitor não quer apenas acompanhar o que eles fazem, mas sentir o que eles sentem.
Então, antes de se perguntar “como criar bons personagens”, pergunte:o que o meu leitor precisa sentir através deles?
Essa resposta muda tudo.
Todo personagem interessante nasce de um conflito interno, não apenas de um objetivo externo. É isso que diferencia alguém “legal” de alguém inesquecível.
Na psicologia, chamamos isso de dissonância cognitiva, quando nossos desejos entram em conflito com nossos medos ou valores. É o que faz Walter White (Breaking Bad) oscilar entre o desejo de proteger a família e o fascínio pelo poder. É o que faz Elizabeth Bennet (Orgulho e Preconceito) lutar entre o orgulho e o amor. É o que torna Hamlet eterno.
Esses personagens funcionam porque mostram contradição, e nós somos feitos disso.
Um bom exercício é escrever:
Meu personagem quer ______, mas teme ______. Esse “mas” é onde nasce a alma da história.
Jung dizia que todos nós carregamos padrões universais (os arquétipos) que moldam como pensamos, sentimos e reagimos ao mundo. Na escrita, eles são uma ferramenta poderosa para criar identificação.
Mas cuidado: arquétipo não é estereótipo.
E muitos personagens memoráveis misturam dois ou mais arquétipos. Por exemplo, Tony Stark é uma fusão do Criador (inovador) e do Bobo (sarcasmo como escudo emocional). Essa mistura gera complexidade — o segredo da tridimensionalidade.
E não é só isso, o desenvolvimento de um personagem é menos sobre “mudança” e mais sobre consciência. O protagonista começa a história acreditando em uma mentira, e o enredo o obriga a confrontá-la.
Na psicologia narrativa, chamamos isso de “arco de transformação”, e ele é vital.
Pergunte-se:
· Que crença limitante o personagem carrega?
· O que ele precisa entender sobre si mesmo?
· Qual evento o força a mudar de perspectiva?
Essas perguntas ativam o que a neurociência chama de espelhamento neural, quando o leitor reconhece no personagem seus próprios dilemas.É isso que faz a história ser sentida, não apenas lida.
Você quer saber como criar personagens realistas? Não é com descrições longas, mas com microações que revelam personalidade.
Quando um personagem ajusta o relógio antes de uma reunião, morde o lábio antes de mentir, ou evita o olhar de quem ama, isso é o cérebro mostrando emoções sem precisar dizer. Daniel Kahneman, em “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, explica que o cérebro reage mais rápido a sinais sutis do que a explicações diretas.
Em outras palavras: mostre, não conte.
Criar bons personagens é um ato de empatia. É entrar em outra mente, sentir outra vida e traduzir isso em palavras.
Então, da próxima vez que se perguntar como desenvolver um protagonista marcante, lembre-se: você não está apenas escrevendo uma pessoa, está escrevendo uma experiência humana.
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